sexta-feira, 28 de novembro de 2008

ACADÊMICOS

MAURÍCIO, LUCÉLIA, MARIA IVANI, ALEXSANDRA, GREICE, VALDIRENE E SIMONE

quinta-feira, 27 de novembro de 2008



Oscar Wilde e sua esposa Constance Lloyd.
BIBLIOGRAFIA DE OSCAR WILDE
Oscar Wilde (1854-1900)

O problema básico da inadaptação social de Oscar foi o fato de ter nascido no momento mais preconceituoso e rígido da História da Inglaterra: o final da era vitoriana.Naquele contexto tudo era determinado por regras rígidas. Existiam parâmetros de comportamento, vestuário, atitude, ética, arte e literatura. E ai de quem ousasse violar as normas! Wilde não se conformou. Ousou, rompeu com o paradigma, desafiou, perdeu a reputação, enfrentou dificuldades e incompreensões, foi banido de sua terra, caiu em desgraça perante seu círculo pessoal e o mundo literário da época.
Morreu longe de casa, sem nunca mais ver os filhos e passou a ser obrigado a usar um nome falso.

Tudo isso e mais uma condenação a dois anos de trabalhos forçados na prisão de Reading pelo "crime" de ser homossexual.
Vinte anos tiveram que passar para que seu gênio pudesse ser reconhecido e uma fama triunfal tomasse o lugar do desprezo e do escárnio.

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde - filho de um oftalmologista renomado e de uma intelectual engajada na luta pela independência da Irlanda - nasceu em Dublin, em 16 de outubro de 1854.

De formação familiar protestante, estudou na Portora Royal School, no Trinity College de Dublin e complementou sua educação na Universidade de Oxford, onde se filiou à Loja Maçônica ali existente.Em 1876, começa a escrever poesia a sério e muitos de seus trabalhos são publicados na Irlanda.

Em 1878, termina os estudos superiores, já vencedor do prêmio literário Newdigate (Oxford), com o poema Ravenna. Ravenna, no litoral norte da Itália, foi a melhor recordação de uma viagem de férias - feita três anos antes, em companhia de amigos.

UM DÂNDI EM OXFORD
Wilde fazia um estilo marcante com longos cabelos, vestimentas de dândi e paletós sempre ornados com flores. Ao mesmo tempo, a mente brilhante era influenciada pelas doutrinas de John Ruskin - escritor, crítico de arte e sociólogo - que pregava "a importância da beleza, a dignidade do trabalho e a feiúra das máquinas" e do epicurista Walter Pater - criador do movimento conhecido como "a arte pela arte", de forte apelo hedonista. Mudou-se para Londres e começou a ter uma agitada vida social. Ali, o conservadorismo vigente não deixou passar em branco suas extravagâncias nos quesitos vestimenta e atitude.

O MOVIMENTO ESTÉTICO
Oscar passou o ano de 1882 em viagens pelos Estados Unidos, fazendo conferências sobre o Movimento Estético que havia fundado como resposta ao que considerava "o horror da sociedade industrial", tendo adotado o lema de Pater, "A Arte pela Arte".Wilde era apreciador da beleza em estado puro e pregador da "sensação física como um fim em si mesma".No ano seguinte, foi a Paris, onde freqüentou o círculo literário local tendo voltado a se instalar na Inglaterra.

CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA
Recém chegado à Inglaterra, conheceu a bela irlandesa Constance Mary Lloyd, com quem se casou em 1884.Considerada "um bom partido" - era filha de um conceituado advogado de Dublin - vivia em Londres, da renda da herança do avô.Mulher moderna, inteligente e ilustrada com quem Wilde podia trocar idéias sobre interesses mútuos, Constance era fluente em italiano, francês e alemão.O casal passou a morar em Chelsea, bairro de artistas e intelectuais. Wilde continuava muito elegante e se vestia com roupas e adereços extravagantes que, segundo suas palavras, "refletiam o que havia no interior de sua personalidade". Cyrill, o primeiro filho, nasceu em 1885.
16 de Outubro de 2004150 anos de nascimento de Oscar Wilde, o prisioneiro de Reading.
Por Thereza Pires"Só os que um dia perderam a cabeça sabem raciocinar".Oscar Wilde (1854-1900)

SEDUÇÃO
Em 1886, ao mesmo tempo em que nascia Vyvyan, segundo filho, Wilde assumia, pela primeira vez abertamente, uma relação homossexual. Conforme sua declaração, foi "seduzido" por Robert Ross, um canadense que era hóspede da casa. A vida familiar com Constance começou a ser uma fonte de escândalos, quebrando todas as regras do conservadorismo vitoriano.

Cresceu a reputação de excêntrico, começaram a aparecer charges e caricaturas a seu respeito na imprensa inglesa, principalmente na revista satírica Punch.

Em 1890, publica "O Retrato de Dorian Gray'', que mostrava, com detalhes, as teorias estéticas do autor.

BOSIE, OBSESSÃO E RUÍNA
Em 1891, Wilde conhece aquele que seria sua obsessão e ruína: Lord Albert Douglas, o "Bosie". Os dois passaram a ser vistos constantemente juntos e Constance teve que lidar com problemas financeiros, já que Bosie era sustentado por Wilde, que lhe fazia todas as vontades.

Processado pelo Marquês de Queensbury - pai de Bosie - e com o testemunho de pessoas que tiveram acesso à sua rotina e costumes sexuais, o escritor foi julgado culpado de "práticas estranhas à natureza" e condenado a dois anos de trabalhos forçados pelo tribunal de Old Baley.Constance e os filhos precisaram deixar a Inglaterra e trocar o sobrenome, agora maldito, para Holland.

DECADÊNCIA
Os livros de Wilde desaparecem das livrarias, suas peças saem de cartaz, perde a tutela dos filhos e tem seus bens leiloados para pagar as custas do processo.

Prisioneiro, primeiro foi colocado no cárcere de Wansworth e depois em Reading onde escreve o belíssimo poema "A balada do Cárcere de Reading".Ali também é escrito o texto "De Profundis", uma carta dirigida a Bosie, onde tenta explicar sua conduta, culpando o ex-companheiro numa acusação que, na verdade, é uma confissão completa de amargura e culpa.

LIBERDADE SEM DIGNIDADE
Em maio de 1897, Wilde deixa a cadeia. Do lado de fora, são poucos os amigos que o esperam , entre eles o maior e mais fiel: Robert Ross.Viaja para a França na mesma noite, instalando-se em Dieppe com o nome de Sebastian Melmoth, personagem de um livro escrito por um tio-avô.Seu segundo pouso na França foi a pequena cidade de Berneval, onde se tornou muito popular, sendo até recebido em casa do vigário da paróquia local.Passou a usar roupas baratas e deselegantes, morou num pequeno apartamento de duas peças e perdeu totalmente o estímulo para escrever.

RESGATE TARDIO
Constance, de quem sempre permaneceu amigo, morreu em 1898, em conseqüência de complicações de uma cirurgia na coluna.

Batizado na véspera pelos ritos da Igreja Católica e sem jamais reencontrar os filhos, Oscar Wilde morreu de meningite em 30 de novembro de 1900, no Hotel Alsace, em Paris.Enterrado como indigente no cemitério de Bagneux em 1909, seus restos foram transferidos para o Père Lachaise.

O túmulo foi ornado pela magistral escultura de Sir Jacob Epstein. Cyril, filho mais velho, que se tornou militar, morreu durante a 1ª Guerra Mundial, em1915.Em 1954, no centenário de seu nascimento, o Conselho do Condado de Londres mandou colocar uma placa na casa de Tite Street onde viveu e trabalhou.Vyvyan, o filho mais novo, usando ainda o sobrenome Holland, se dedicou a resgatar a imagem de Wilde e escreveu uma biografia do pai, em 1960.

ALGUMAS CITAÇÕES DE OSCAR WILDE
- "Posso resistir a tudo, menos às tentações".- "Há dois tipos de pessoas fascinantes: as que sabem tudo e as que tudo ignoram".- "Não tenho nada a declarar, exceto minha genialidade." (ao passar pela alfândega dos Estados Unidos).- "Até as verdades podem ser demonstradas".- "Qual a diferença entre jornalismo e literatura? O jornalismo é ilegível, a literatura não é lida".- "Adoro os jantares em Londres. Os convidados inteligentes nunca nos escutam, e os convidados estúpidos nunca conversam".
Oscar Wilde foi um exemplo de homem que seguiu seus impulsos e suportou as conseqüências até o fim. Sim, até o fim, pois mesmo depois de liberto, já totalmente esquecido e ignorado por seu grande amor, Wilde procurou Bosie para se decepcionar pela última vez. E morrer doente e sozinho, a não ser por seu fiel amigo Robert Ross.

De Profundis não é apenas a história de Oscar Wilde contada por quem a sofreu na pele; é a história de um grande homem que sofreu por amar, que quebrou as regras para viver o que acreditava ser o certo, seguir sua razão. De Profundis é a prova de que podemos chegar a este nível de amadurecimento. Porque razão é ver sentido no que se faz. E só o amor pode fazer coisas absurdas fazerem sentido.
Não sou do tipo que gosta de fazer apologia a movimentos tidos como "politicamente incorretos", nem de ir contra todos simplesmente pelo fato de querer ser diferente. Muito pelo contrário, quase sempre concordo com o que é "sensato"e com a "razão". Mas... o que é sensatez? Como definir a razão?Em 1905, Robert Ross publicou uma série de relatos em forma epistolar de um grande amigo e escritor do século XIX, Oscar Wilde. Os relatos em questão são conhecidos pelo nome De Profundis. O livro é, em resumo, a defesa que foi negada a Wilde durante o julgamento que deu início ao fim de sua vida, uma defesa que ninguém se interessou por ouvir já que todos concordavam que Wilde havia "ferido a moral" da sociedade conservadora inglesa da época. Cada uma de suas partes corresponde às cartas que Wilde escrevia para o seu grande amor, na tentativa de fazê-lo entender como ele (o grande amor) havia destruído sua vida e nem olhado para trás a fim de pedir-lhe desculpas.A história de vida de Wilde já é fascinante por si só. Escritor de peças assistidas por inúmeras figuras importantes da época, e sempre aclamado ao final das apresentações, este escritor irlandês (nascido em Dublin) altamente irônico e perspicaz praticamente abandonou tudo que havia conseguido graças a sua arte para se unir a um jovem mesquinho, egoísta e extremamente fútil, Sir Alfred Douglas.Após lançar A Importância de Ser Prudente (The Importance of Being Earnest), peça extremamente hilária, e seu maior sucesso sem sombra de dúvidas, a vida de Wilde parecia ter chegado ao auge. Mas uma armadilha do destino levou-o a conhecer Sir Alfred Douglas, jovem de futuro promissor que passava por algumas dificuldades na universidade, e que foi apresentado a Wilde exatamente por isso, uma vez que viam no escritor um grande exemplo para jovens estudiosos. Wilde já havia descoberto sua homossexualidade e conseqüente atração por pupilos, mas tudo não havia passado de distrações até Bosie (como Sir Alfred era conhecido) aparecer em sua vida. Devotando a este jovem todo seu amor, paixão, dinheiro e, até mesmo, a própria arte, Wilde gradualmente deu início ao seu fim, até a morte. Uma vez que o homossexualismo era severamente condenado em sua época, Wilde foi mandado para a prisão em nome do amor, amor por seu "Bosie". Após um infeliz julgamento, iniciado pelo pai de Bosie, Wilde viu-se totalmente cercado de inimigos e falsos moralistas que o acusavam de ter "ferido a moral" ao manter relações íntimas com outro homem, não se importando com o tamanho dos danos que assim causavam à sua vida e à de sua família. Esta é a história real de De Profundis, um dos melhores auto-retratos já escritos por um poeta que, mais do que ninguém, conheceu o verdadeiro significado da palavra "amor".Durante os dois anos que passou na prisão, Wilde escreveu todos os altos e baixos de sua conturbada "amizade" (como gostava de se referir) com Sir Alfred. Parecido com um diário, De Profundis é o coração e a alma de Oscar Wilde em suas versões mais explícitas e sinceras. E o que mais chama a atenção nesta singular narrativa é o fato de ele nunca ter feito sequer uma revisão na obra. Isso porque, na prisão, apenas duas folhas de papel lhe eram entregues por dia e, mesmo assim, retiradas ao final da tarde, para serem entregues de volta somente na data de sua libertação. Significa dizer que a versão que podemos contemplar hoje, em pleno ano 2002, e quase 100 anos após a primeira edição, é exatamente a mesma que Robert Ross publicou em 1905!Oscar Wilde foi um exemplo de homem que seguiu seus impulsos e suportou as conseqüências até o fim. Sim, até o fim, pois mesmo depois de liberto, já totalmente esquecido e ignorado por seu grande amor, Wilde procurou Bosie para se decepcionar pela última vez. E morrer doente e sozinho, a não ser por seu fiel amigo Robert Ross.De Profundis não é apenas a história de Oscar Wilde contada por quem a sofreu na pele; é a história de um grande homem que sofreu por amar, que quebrou as regras para viver o que acreditava ser o certo, seguir sua razão. De Profundis é a prova de que podemos chegar a este nível de amadurecimento. Porque razão é ver sentido no que se faz. E só o amor pode fazer coisas absurdas fazerem sentido.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

De Profundis - Oscar Wilde

“De Profundis é uma longa carta escrita por Oscar Wilde na prisão de Reading ao seu amante Lord Alfred Douglas.”
“Condenado num julgamento que desencadeou e sabia perdido, perseguido pelo escândalo, abandonado por amigos, Oscar Wilde revela a sua complexa personalidade."
“Nascido em Dublin em 1854, Oscar Wilde morreu 46 anos depois no discreto Hôtel d'Alsace."

O livro é na verdade uma grande carta escrita pelo autor durante os dois anos que passou na prisão de Reading, Inglaterra. Como era proibido de enviar cartas, Wilde escreveu o manuscrito que só pôde sair da prisão junto com o autor. O destinatário era o jovem Lord Alfred Douglas, seu amante e protagonista do processo que levou o escritor para prisão (homossexualidade era considerada crime na Inglaterra naquela época). O texto trata exatamente sobre a tempestuosa relação dos dois e sobre as transformações passadas por Wilde na cadeia.


Ao lermos "De Profundis" podemos passar por uma fase de desilusão. Em que nos apercebemos de que o autor só tem um assunto em mente, assunto esse que é, por sua vez, imensamente doloroso, e, por vezes, difícil de ler e entender. Nesse momento, em que compreendemos e sabemos já, que o livro só se vai desenvolver em torno daquele mesmo assunto é atenuada a curiosidade inicial que tantas vezes nos faz acabar um livro, até mesmo quando ele não está a ter interesse (que fique bem claro, não é o caso).
Existe por isso uma altura que se torna menos acessível continuar a ler este livro. Ficamos num estado de abstenção. Em que não custa continuar, nem custa parar. Quem o fizer, no entanto, terá a imensa recompensa de vir a conhecer a beleza que jaz em se ter na vida uma verdadeira dedicação. Beleza essa que é tão complicada de rechecer, quando ainda não foi vivida. Fica-se, a saber, como se sente quem algo adora, de todas as formas.
Ao longo da sua vida, é fabuloso como, depois de maltratado, ignorado, e completamente abusado, Oscar Wilde nunca põe em causa o seu amor. Ama tão completamente que em vez de culpar o causador do sofrimento infinito em que se encontra, acha, ao invés, nele, a razão de viver. Passa algumas fases de desespero, mas compreende cada vez mais aquilo que ele próprio é, através da forma que vai encontrando de justificar o que sente. É tão certo e verdadeiro, que parece errado, e se não se soubesse que esta carta tinha sido escrita da prisão onde se encontrava e do fundo de tudo aquilo que lhe restava como ser humano, nunca se poderia acreditar que este livro tinha nascido do amor. Seria tão mais provável, que tivesse brutado das ausências do mesmo.
É, realmente incrível como consegue um homem atingir um tão elevado grau de sentimento racional...

Nunca saberemos se a versão de Wilde é completamente verdadeira. Mas isso não tira o brilho do texto, que talvez seja a maior vingança que poderia recair sobre seu ex: fez o tal Douglas entrar para história como um homem fútil, leviano e imaturo. Impossível não odiá-lo completamente após o final da leitura.